O Presidente da República pronunciou-se hoje sobre a actual situação da PT, um dia depois da OPA de Isabel dos Santos, questionando o papel que accionistas e gestores tiveram na actual situação da telefónica.
"Eu penso que é legítimo, apesar de se tratar de uma empresa privada e brasileira, é legítimo, pelo menos, fazer uma pergunta: o que é que andaram a fazer os accionistas e os gestores desta empresa. É, pelo menos, esta pergunta que os portugueses têm o direito de colocar", disse esta segunda-feira Cavaco Silva aos jornalistas, durante uma visita a Estremoz.
O Presidente da República defendeu ainda que deve ser evitada a desagregação da PT SGPS: "O que eu espero e penso que é o que de melhor poderia acontecer para Portugal neste momento era que se evite o desmembramento da empresa".
Nos últimos meses a telefónica viu-se envolvida na queda do grupo Espírito Santo (GES), depois de se saber que tinha investido cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte e de esta empresa do GES ter falhado o reembolso na data acordada.
O conhecimento dessa aplicação e a falha de pagamento levou a que a Oi impusesse um novo equilíbrio de poderes na fusão que estava a ser levada a cabo com a Portugal Telecom. Desde então - e depois da possibilidade da Oi alienar o negócio em Portugal - têm surgido vários interessados na PT Portugal, onde se concentra, por exemplo, o negócio MEO. São os casos da francesa Altice e dos fundos Apex e Bain.
Na semana passada, Paulo Azevedo e Isabel dos Santos tinham-se mostrado disponíveis para "integrar uma solução que, em aberta colaboração com as partes envolvidas, assegure o necessário compromisso de interesses, promovendo a defesa do interesse nacional" no caso Oi/PT".
Ontem, a PT SGPS (cotada em bolsa e onde se concentra a dívida da Rioforte e 25% da Oi) foi alvo de uma oferta pública de aquisição por parte da empresa Terra Peregrin, da empresária angolana Isabel dos Santos.
A proposta de aquisição é de 1,35 euros por acção, o que supõe um investimento de cerca de 1,2 mil milhões de euros. A Oi já veio entretanto considerar “inoportuno” alterar os termos que estiveram na base da fusão entre a PT e a empresa brasileira.